Apresentação Anais 2011

Apresentação

O 20º Encontro da Associação Nacional dos Pesquisadores em Artes Plásticas – Anpap, entre 26 de setembro e 1º de outubro de 2011, no Instituto de Artes da UERJ, tem como objetivo principal contribuir para o desenvolvimento da pesquisa em arte, promovendo intercâmbio de conhecimento em nível nacional, além de incentivar a formação de novos pesquisadores.

O tema do 20º Encontro é Subjetividades, utopias e fabulações, e os termos que o compõem foram escolhidos por conter indicadores capazes de agenciar tanto as manifestações artísticas quanto as narrativas que dialogam com a arte, sejam elas históricas, pedagógicas, curatoriais ou museológicas. A escolha se deu, ainda, porque eles apontam teorias capazes de acionar algum tipo de resposta aos problemas colocados para a arte pelo mundo contemporâneo. Assim, subjetividades foi lançado a partir do que Felix Guattari chamou de condições para produção de subjetividade, descritas no livro Caosmose como alternativa à dicotomia clássica do sujeito individual x sociedade; o termo utopias, remetendo ao livro O espírito da utopia, de Ernest Bloch, evoca o sentido da “utopia concreta” e refere-se à possibilidade de uma utopia realizada aqui e agora, mas também ao modo como o autor trata a arte e a fantasia – balizas de uma sociedade justa – no livro O princípio esperança; fabulações remete à função fabuladora, descrita por Gilles Deleuze no livro Imagem-tempo, em que é possível reencontrar o elo entre a vida e a ficção, que se daria nas narrativas simulantes; função fundamental para as ações artísticas. Considerou-se, ainda, que esse tema se desdobraria em subtemas, eixos organizadores das mesas de comunicações, assim especificados: Ficção, imaginação,fabulação; Memória e fabulação; Subjetividades artísticas: invenções de si; Subjetividade e políticas da arte; Possíveis concretos: lugares e não lugares; Arte e utopia: paisagens ativadas; Passados e futuros na imagem presente; Arte: possibilidades de vida; Arte e poder do falso; Metamorfose e agenciamentos.

Como forma de ampliação e aprofundamento dos debates, convidamos a pesquisadora Anna Maria Guasch, da Universidade de Barcelona, que fará a comunicação “As práticas contemporâneas do arquivo: entre o doméstico e o público, a memória e a história, o global e o local”, o professor da Universidade de Paris I Gilles Tiberghien, que apresentará a palestra “A república dos sonhos”, e o professor Michael Asbury, da Universidade de Londres, cuja fala
se intitula “Anna Maria Maiolino: utopias e subjetividades”.

Ainda como parte do 20º Encontro, em sua abertura, temos a grata contribuição do artista Carlos Zilio, que inaugura Carlos Zilio: Paisagens 1974-1978 na Galeria Cândido Portinari, onde ficará durante um mês. Zilio vai expor trabalhos da década de 1970, quando o artista desenvolveu reflexão sobre os caminhos então tomados pela arte e pela sociedade, sobretudo no Brasil – época em que as subjetividades eram barbaramente submetidas às individualidades, que apontavam para um “brilhante futuro”, independente do que fosse preciso arquitetar em termos de tramas e estratégias. Assim, os trabalhos que serão mostrados, muitos dos quais guardados por mais de 30 anos, podem ser importante revelação para quem anda pensando nas possibilidades de resistência.

Também está programada para o 20º Encontro a exposição coletiva Campus (des) situado, de artistas que lecionam no Instituto de Artes da UERJ e que farão intervenções no Campus Maracanã da Universidade: Alexandre Vogler, Cristina Salgado, Ericson Pires, Isabela Frade, Jorge Cruz, Leila Danziger, Luis Andrade, Malu Fatorelli, Regina de Paula e Ricardo Basbaum. Como colaboração bem-vinda lançaremos a plataforma Desarquivo.org, realizada por A Arquivista (Cristina Ribas), que consiste em um arquivo de impressos (catálogos, folhetos, livros, artigos, zines, adesivos, matérias de jornal) transformado em banco de dados para consulta on-line. O site funciona como plataforma colaborativa, na qual autores e pesquisadores poderão compartilhar material sobre práticas artísticas atuais.

Esperamos que o Encontro seja um momento de reflexão e possa contribuir para a pesquisa, assim como fortalecer as iniciativas fabuladoras e subjetivantes em arte, o que não deixa de ser um desejo de concretizar as utopias várias e diversas.

Sheila Cabo Geraldo e Luiz Cláudio da Costa